PAIXÃO QUE PARECE UM CONTO

Toques repetidos, de macias mãos,

Fez-me abrir a porta

Então fechada, há vários anos;

Um rangido fez-se cântico,

Enquanto a porta de abria,

E se arrastava pelo piso, antes brilhante,

Hoje mais parecido de terra,

Tão tomado estava pela poeira.

Apanhei meus óculos, também empoeirados;

Tentei assoprar a poeira excessiva,

E, fixei-o ante meus olhos.

Meus olhos perderam o brilho,

Então... Óculos para quê?

Um vulto meio anjo, meio mulher,

Envolto num brilho divino, sorriu para mim.

Um olhar tão verde, meio mata e meio mar,

Começou a dar vida ao meu respirar.

Um sorriso tão claro como uma noite de luar,

Surgiu para me encantar.

Permiti que ela entrasse por inteira,

Aos poucos dei um fim na poeira,

Juntei as caídas cadeiras,

Espantei os fantasmas de vidro,

Verdadeiros beberrões de minh’alma,

...Os repetidos copos vazios,

Abri também as janelas,

Que a tempo não se abria,

E, percebi que o mundo também sorria;

Novamente sou feliz... Sorrio!

Então, meu coração,

Choupana antes fechada,

Novamente fez-se aberta,

Raios de sol entram pela janela.

A porta, agora escancarada, revela;

Uma mulher invadiu esta alma!

E, uma pergunta ecoa nos arredores:

Quem será ela?

Amarildo José de Porangaba
Enviado por Amarildo José de Porangaba em 15/01/2014
Código do texto: T4651232
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