Aquilo lá que não sei mais se sinto,
aquilo que não minto, que não sinto se sei,
que não sei se sei, é amor...
E que não haja medo sobre isso,
ainda que temeroso só o amor pode ser,
assim como deve ser, como só pode ser.

O amor não tem nada de estranho,
nada de impróprio, de impossível ou improvável,
nada de inatingível, nada de imensurável.
O amor é a medida do imponderável...

Ao amor não resta dúvida,
só temor sobre suas poucas e parcas certezas,
isso de doer do amor é próprio de sua natureza,
uma beleza que se impõe mas que não se põe à mesa,
é a maldição conjurada e desejada com delicadeza,
o desejo de viver sem destino, o ensejo do desatino.

É a afirmação de tudo aquilo que não se sabe,
é o pressentimento de algo oculto que se sente,
e que se esconde ali no mais profundo do impensável.
E eu que pensei do amor tanta coisa de incontrolável,
o amor não é pensamento, talvez um sentimento,
e mesmo o pensar nele é senti-lo pensando nele.

Por isso tudo é que o arrancaria daqui de dentro
e lançaria ao solo para que brotasse feito semente.
Mas não quero mais o fruto, não quero o sumo,
ainda que a fome e a sede de querer é querer tanto,
eu viveria o desencanto de viver sem todo esse encanto.

Porque de tanto buscá-lo é que tanto o tenho perdido.
E de querer tanto é que não sinto mais a coisa querida,
de tanto pensar nele e o quanto, é que tenho esquecido.
Entre a vida e o amor, dispenso a dor e escolho a vida.

Ávida de sonhos a vida, sem amor, ainda é vida..
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/01/2014
Reeditado em 06/02/2021
Código do texto: T4650525
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