Poema 0429 - Seu... meu corpo
Repouso a solidão em sua cama de carne,
deixo suas unhas cravarem minha alma,
os soluços devem ser de gozo,
nenhum ataque, apenas alguns desejos.
Atrevo-me a tocar seu corpo por dentro,
não enxugo seus líquidos, quero mares,
ondas gigantes que me molhem ao penetrá-la,
até que um sem fim de amor vem à boca.
Quero morder cada pedaço de desejo,
das almas não sei, quero entender...
penso ser uma estatua enorme de marfim,
um infinito de beleza que atrai a outra.
Volto ao seu corpo milhares de vezes,
atravesso o coração, não o seu,
nele apenas mostro meus delírios,
os anseios escondo-os atrás do prazer.
Tenho medo dos seios pontiagudos,
de seus beijos que me viciam até à morte,
então bebo o gosto que retiro da sua boca,
faço desta loucura meu cálice de paixão.
Aceito todos os desafios da sua liberdade,
aceito caminhar de mãos dadas,
aceito dourar o céu todas as tardes,
aceito as noites que não deitará na cama.
Assim é meu corpo distante do seu,
esquecido entre uma e outra porta do amor,
quando abrir, entre e roube minh'alma,
quero seu corpo, não outro corpo em você.
31/08/2005