LABIOS, quentes.
LÁBIOS, quentes.
Em um chamado contestando a própria razão,
Olhando em frente não nada, nada, nada, nada não,
Mas o que isto, o que fazer; pensar talvez seja a
origem mas sensata a ser feita!
Sentir o cheiro da relva adentrando pelas marinas e ir bem lentamente purificando o ar sombrio e carregado dos pulmões cansados de sentir-se traído por ele mesmo.
Mas talvez seja bem melhor correr, e sentir o arrepio do medo, lá bem mais distante, por detrás daquela longínqua montanha ausente dos olhos.
E na escuridão da tarde perder-se dentro do ser e jogar-se de corpo e alma nos braços suaves e sedentos de amor da amada.
Mas pra onde foi à amada, seria bem mais pratico correr atrás de outra vida, em outro tempo, e encontrar a verdadeira amada? Pra onde foi à paixão pela própria vida, o medo por não sentir-se tanto medo.
As certezas de ontem tornaram-se, tão somente em um mundo repleto de duvidas de agora, a inconstância de ser parece que foi apagada, e os lábios dê repente assim do nada a secar, secar, secar, e assim tão somente do nada se tornando sedento por uma única gota d’água, buscando na pontinha suave e áspera da língua uma gota, uma única gota de saliva, para tentar suavizar a sede sedenta por entre os lábios. E no deserto a frente uma imensidão de areia, e a brisa quente da tarde vem chegando devagarinho tocando de encontro com a face áspera, repleta de sal e a sede tão somente só faz aumentar e aumentar a cada instante, e a cama ir se transformando cada vez mais e mais em um frio gélido, que começa a percorrer no estômago vazio, seguindo certeiro ate os lábios colados um ao outro sedento de sede, imaginando, sonhando, encontrar de encontro com lábios quentes uma única gota suculenta d’água capaz de saciar a sede de seus lábios, e nada, nada mais.
E nesta entrope o segundo voa, a tarde vai, e a mais exuberante entre todas as noites, não cruza a linha horizontal do horizonte há frente, o por do sol seguindo teu curso natural formando um arco-íris distante na linha do horizonte em uma vertical constante, percorre o caminho do tempo escondido por detrás da montanha ausente.
Nute do Quara.