Açoites

Homens bárbaros açoitam a noite

e abortam os sonhos a serem sonhados.

Miragens e imagens confundem-se

entre as sacras proibições,

pois dizem necessária

a regência da melancolia.

Ontem eu vi uma tristeza de adeus

e o corpo que me aqueceria

perdeu-se na multidão de tantos sozinhos.

Foram tantos os brilhos

e, no fim, só essas marcas nos ladrilhos

e talvez a prepotência dos gatilhos.

Em qual esquina os ventos levaram as nossas vidas?

Quando voarão as tristes aves do céu sem estrelas

e qual amanhã despertará os últimos canteiros?

Que ouro saldará a miséria das almas

e qual fonte lavará

a mágoa do amor perdido

que se deita ao meu lado?