ESPINHOSO CICLO
Sentas-te aqui
perto de mim,
como sempre
te sentaste
ora amando-me,
ora crucificando-me
com teu verbo;
vais-te assim
sob meus olhos cegos,
como chuva apaziguada
no silêncio de ti,
evitando meu amor,
meus raios e meus trovões
palavreados.
Depois, vem
e te sentas de novo
perto de mim,
e te vais de novo
de mim,
nesse espinhoso e cruel
ciclo de amor e
de dor;
sabendo tu que,
se ficares,
nossa insânia
nos mata,
sabendo tu que,
se partires,
nossa angústia
nos mata;
sabendo tu que,
qualquer que seja
tua vacilante escolha,
por incapacidade
de nos amarmos
incondicionalmente,
haverá uma grande
devastação em mim.
Péricles Alves de Oliveira