SUBLIME AMOR MUDO
Não traces caminhos,
não acorrentes voos
nem represes sonhos;
não fales demais
nem desejes palavras,
que elas são grandes
pedras de tropeço,
por isso, aprende
a não discutir o silêncio,
nem a transgredir o hiato
- que nele repousa o grande
amor que fizemos adoecer -
com a demência do verbo.
Sobre o mar,
navega libertamente,
que ele a ti pertence
com toda sua grandiosidade;
sobre anjos,
abre os portões do céu
que eles te anseiam
em enlaces cândidos
que não pude ofertar-te.
Quanto a mim,
não te preocupes
que estou bem,
sobre árvores,
escolhei para me deitar
as mais escuras
para me descansar
às suas sombras;
e sobre vaga-lumes,
andarei com os mais aleijados
e sem brilhos.
Péricles Alves de Oliveira