O Tempo do Amor

Houve um tempo em que eu era uma boca

Ansiosa, molhada, nervosa, assanhada,

Canal dos desejos, pelos gostos, marcada,

Sentia, como um cão, a intenção saciada.

Nos toques, hoje, mais sutilmente insinuada.

Houvera tempos que era mais para o atlético,

Mais físico

Viril na dinâmica

Sem a mínima distância

Na única esperança de amar pela força

No contato sem limite

Que o movimento permite

Não havia tempo de contemplação

Era todo emoção

Era tudo imediato

O amar era apenas as vias de fato

Sem muito aparato

Ação e reação

Era tudo num ato

Por desconhecer alguns outros caminhos

Sem tantos carinhos

Sem muita brandura

Sem um pouco de espera

Tormenta de ternura

Invadia e abraçava

Como os ventos de furacão

Os sentimentos têm um tempo

Em que assim o são