Percorridos por caminhos clandestinos

Percorridos por inusitados caminhos clandestinos

de seiva, linfa, fogo e chama incandescente,

somos agora tal nenúfares transparentes

a declinar no sorriso doce d’um desejo

subjugado ao crescimento de um mar.

Sem epístolas ou cartas de mareantes.

Num mar onde o verde tempestuoso

dos meus olhos ébrios se espelham na avidez

dos beijos que ainda não trocámos,

se decalcam transpirados,

na sede antecipada de novas alvoradas

de mimos que comummente acautelamos,

dos amores que ainda não nos demos -

puros, genuínos, de nós travessos meninos -,

os que vigiamos, atentos, em recato,

em domos d'altaneiras pedras!

Percorridos na flama da cegueira insana,

antecipamos o agrado no ápice naufragado

no porão suado dos corpos, quando no azimute

se adivinham desejos insondáveis

de ousar novas viagens

e se calam mudas as palavras

e se elevam claridades obliquadas

em recatos esporados nos travos de marés bravas.

E as nossas ávidas mãos, as nossas mãos amantes,

se colam conluiadas, se tocam concubinas,

e juntas percorrem declives de beijos desflraldados

em grinaldas de flores e diademas.

Coisas simples e pequenas ...

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 25/04/2007
Código do texto: T463383
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