Brinde
Se não vieres
ao fim da tarde
recolher a noite comigo,
venha depois,
perto do fim do ano,
perto da meia-noite,
eu quero brindar o ano novo
dar vivas,
viajar nos fogos de alegria,
tomar sua mão,
em alegria,
sorver do mais doce gole...
sem precisar que eu esmole
quero em teu riso, a folia
que com o meu siso, bole...
depois, se ninguém socorre
quero o porre de seus beijos
a noite inteira em delitos
que maculem meus sentidos...
grafados na minha derme
marcas do mais doce açoite.
roubemos horas a mais
desse acaso que por muito
limitou o céu, futuro...
queda desse antigo muro
permita essa nova aurora,
a luz que se necessita...
permanece e acredita
que é possível, que é presente
e inaugura a nova estrada...
decifra a fala velada
por entre afagos, rocio
orquestra o verso, o cicio
do meu ser, em descaminhos,
que se perde em seu carinhos,
se embriaga dos seus vinhos,
acha ninho em seus desvelos...