UM SONHO ALÉM DOS MONTES
Odir Milanez
Eu sempre me firmei, qual um profeta,
a decifrar visões dos horizontes,
vencer distâncias muito além dos montes,
nos sensos de meus sonhos de poeta.
Eu jamais descuidei d’alguma meta,
e, embora sendo só, não sou sozinho.
Os amigos, com os quais sempre me alinho,
ajudam-me a seguir, dão-me o sustento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Intemerato e firme sigo em frente,
sobrestando seguir sentidos vãos,
unindo as minhas mãos a quantas mãos
sejam laços de amor laçando a gente.
E sigo em paz comigo, indiferente
aos assaques dos maus, ao murmurinho
dos farsantes da paz, ao comezinho
do que dizem de mim, do meu intento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Eu não me prendo às concessões de espaço.
Nasci liberto, livre das amarras.
Por isso anseio o sol além das barras
e além das barras meu destino traço.
Das pendências do medo eu me desfaço,
e em voo vasto, qual um passarinho,
pelos céus de além-mar, eu, andorinho,
vou seguindo o que diz a voz do vento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Recorrer não precisa ao dom da rima
quando a saudade um sonho meu alcança.
A distância, encurtada na lembrança,
a vontade de ver mais aproxima.
É sentimento, afeto, é muita estima,
misticismo de amor e de carinho
que essse praieiro céu azul-marinho
me faz lembrar, ao sonho meu atento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Gasto os meus passos, cansa-me a rebusca,
os horizontes longos causam medo.
Fartam-me os montes, pesa-me o degredo,
da soledade o sol inda me ofusca.
Penso na volta, ideio a ideia brusca.
Venceram-me a distância e o burburinho
do vento, meu parceiro e convizinho,
a repetir-me, avesso e turbulento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Vago vagas vorazes, colossais,
enquanto o tempo o meu alento escoa.
Eu sou nau à deriva, presa à toa
de um barco que me arrasta para o cais.
Um querente querer de nunca mais,
inverte a minha volta ao velho ninho.
Já não tenho das crenças o cadinho,
restando aos sonhos meus esse lamento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
JPessoa/PB
30.12.2013
oklima
Odir Milanez
Eu sempre me firmei, qual um profeta,
a decifrar visões dos horizontes,
vencer distâncias muito além dos montes,
nos sensos de meus sonhos de poeta.
Eu jamais descuidei d’alguma meta,
e, embora sendo só, não sou sozinho.
Os amigos, com os quais sempre me alinho,
ajudam-me a seguir, dão-me o sustento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Intemerato e firme sigo em frente,
sobrestando seguir sentidos vãos,
unindo as minhas mãos a quantas mãos
sejam laços de amor laçando a gente.
E sigo em paz comigo, indiferente
aos assaques dos maus, ao murmurinho
dos farsantes da paz, ao comezinho
do que dizem de mim, do meu intento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Eu não me prendo às concessões de espaço.
Nasci liberto, livre das amarras.
Por isso anseio o sol além das barras
e além das barras meu destino traço.
Das pendências do medo eu me desfaço,
e em voo vasto, qual um passarinho,
pelos céus de além-mar, eu, andorinho,
vou seguindo o que diz a voz do vento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Recorrer não precisa ao dom da rima
quando a saudade um sonho meu alcança.
A distância, encurtada na lembrança,
a vontade de ver mais aproxima.
É sentimento, afeto, é muita estima,
misticismo de amor e de carinho
que essse praieiro céu azul-marinho
me faz lembrar, ao sonho meu atento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Gasto os meus passos, cansa-me a rebusca,
os horizontes longos causam medo.
Fartam-me os montes, pesa-me o degredo,
da soledade o sol inda me ofusca.
Penso na volta, ideio a ideia brusca.
Venceram-me a distância e o burburinho
do vento, meu parceiro e convizinho,
a repetir-me, avesso e turbulento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
Vago vagas vorazes, colossais,
enquanto o tempo o meu alento escoa.
Eu sou nau à deriva, presa à toa
de um barco que me arrasta para o cais.
Um querente querer de nunca mais,
inverte a minha volta ao velho ninho.
Já não tenho das crenças o cadinho,
restando aos sonhos meus esse lamento:
“Quem vai além dos montes perde o tento
de remover as pedras do caminho”.
JPessoa/PB
30.12.2013
oklima