Ao Despertar De Um Dia
Ao chegar o amanhecer,
Palpita meu coração.
Sinto toda a emoção
De que preciso pra viver.
Ao longe, o canto do sabiá
Rompendo feliz o raiar da aurora.
Ainda no leito, vejo se aqui tu estás.
Que alegria sinto
Ao ver que não foste embora!
Inconveniente entra a luz do sol,
Inundando de dourado a alcova quente.
Sobre o leito, teu corpo inocente,
Aveludado como a voz de um rouxinol.
Esquecido de mim mesmo
Ponho-me a te admirar.
Como é linda esta mulher
Que meu coração se pôs a amar!
Mergulho fundo em teus cabelos
Como um peixe em águas claras.
Deslizando vão meus dedos
Por entre as mechas douradas.
Nada mais quero obter,
Nem riqueza, nem fortuna.
Só pra ti quero viver.
Nada mais quero, de forma alguma.
O que dizer dos lábios teus?
O que dizer de tal sabor?
Será que é como o mel
O gosto que tem o amor?
Mas a noite se aproxima,
Vai cessando a claridão.
O sabiá logo se aninha
Silenciando sua canção.
Meu coração torna a palpitar
Pesaroso, acelerado.
No leito torno a me deitar,
Eternamente enamorado.
O calor do amanhecer
Dá lugar à frigidez.
A solidão deita ao meu lado.
Dormirá comigo mais uma vez.
Refugio-me na noite
Sob o frio do meu lençol.
Esperarei amanhecer
Para, feliz, poder te ver,
Iluminando o meu ser
Como a luz de um farol.