Ao Despertar De Um Dia

Ao chegar o amanhecer,

Palpita meu coração.

Sinto toda a emoção

De que preciso pra viver.

Ao longe, o canto do sabiá

Rompendo feliz o raiar da aurora.

Ainda no leito, vejo se aqui tu estás.

Que alegria sinto

Ao ver que não foste embora!

Inconveniente entra a luz do sol,

Inundando de dourado a alcova quente.

Sobre o leito, teu corpo inocente,

Aveludado como a voz de um rouxinol.

Esquecido de mim mesmo

Ponho-me a te admirar.

Como é linda esta mulher

Que meu coração se pôs a amar!

Mergulho fundo em teus cabelos

Como um peixe em águas claras.

Deslizando vão meus dedos

Por entre as mechas douradas.

Nada mais quero obter,

Nem riqueza, nem fortuna.

Só pra ti quero viver.

Nada mais quero, de forma alguma.

O que dizer dos lábios teus?

O que dizer de tal sabor?

Será que é como o mel

O gosto que tem o amor?

Mas a noite se aproxima,

Vai cessando a claridão.

O sabiá logo se aninha

Silenciando sua canção.

Meu coração torna a palpitar

Pesaroso, acelerado.

No leito torno a me deitar,

Eternamente enamorado.

O calor do amanhecer

Dá lugar à frigidez.

A solidão deita ao meu lado.

Dormirá comigo mais uma vez.

Refugio-me na noite

Sob o frio do meu lençol.

Esperarei amanhecer

Para, feliz, poder te ver,

Iluminando o meu ser

Como a luz de um farol.

Daniel Pires
Enviado por Daniel Pires em 28/12/2013
Código do texto: T4628221
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