SOBRAS

O que restou de nós

Não restou

Permaneceu

Nas imagens, visões, retratos

Só se perderá se se me atacar a cegueira.

O que restou de nós

Não restou

Permaneceu

Suspenso na trilha de onde vinha

De onde ia

Só se perderá se se me acabar o ar ou as narinas.

O que restou de nós

Não restou

Permaneceu

Na saliva, na ponta da língua

Só se perderá se se me perder o paladar.

O que restou de nós

Não restou

Permaneceu

No som, vibrando nas paredes, na pele

Só se perderá se me consolidar a loucura.

O que restou de nós

Não restou

Permaneceu

Na maciez de estímulo e pulso

Só se perderá se me desatracar o tato.

O que permaneceu de nós?

Sobrou!

Evoluiu no decurso...

Nos poemas, nos discursos,

Eternizará mesmo sem atmosfera;

Braille se não houver luz;

Sinais se houver vácuo,

Aroma se não houver eco,

Calor se não houver pele,

Beijos enquanto houver línguas,

Palavras, pois ao sentido adere-se o idioma.

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 28/12/2013
Reeditado em 29/01/2014
Código do texto: T4628127
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