Confissões

Confesso às paredes sobre minha anatomia passional...

Se é verdade que têm ouvidos, escutam minhas queixas

E em seu sepulcral silêncio languidamente me deixam

Falar, gritar, chorar... Entregar meus delitos e horrores

À minha sombra que, ferida no íntimo por fortes dores,

Adormece sobre os tapetes que são o cofre dos meus sonhos...

Quadros que vivem pendurados tremem diante da aflição

E despencam desesperados vítimas de suicídio,

De repente o chão se abre como a lamentar o desperdício

Das confissões enclausuradas e soterradas pela emoção.

No teto pintado de branco faço o refúgio do olhar

Que se perde em visões amorfas e carentes de destino...

Pergunto-me: onde se acham as feições que tanto imagino?

Talvez, enciumadas, as paredes tenham de reféns meus planos

E eu que me afogue perante a solidão dos meus desenganos!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 26/12/2013
Código do texto: T4626413
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