QUASE INVERNO

Por que estas palavras

tão dóceis,
tão sublimes,
tão alvas

que me ofertas
em nosso arrebol,

se depois
me trazes a violência
do verbo

e o silêncio petrificado
de uma solidão?

Por que essas caldas

tão cálidas,
tão extasiantes,
tão deliciosas

com que abarcas
meu corpo,

se depois me deixas
náufrago

e me espremes
como o sumo amargo
de um limão?

E por que esse voo

tão alto,
tão singelo,
tão encantado

que comigo sonhas,

se depois me quebras
as asas

e me lanças
rasante aos chãos?

Antes,
que não sejam metades
nem avessos

– que nem tão forte
é meu coração –,

mas sim absolutos
os momentos
de te amar,

como se fosse uma última
e muito diferente
canção.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 26/12/2013
Reeditado em 26/12/2013
Código do texto: T4625855
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