Sentimentos Abstratos
O seu amor tornou minhas palavras abstratas
E a coerência já não enfeita minhas frases
Longe de ti, as muralhas do tempo me cercam
E vejo-me habitante do incerto
Não ocupo espaço algum, tempo nenhum
E viajo por um caminho já traçado
Fadado a chegar até onde alguém já foi
Amaldiçoado a caminhar acompanhado
Unicamente por minha consciência
E ela não me é agradável companhia
Com ela, descubro que a vitória é insípida
E que o arco-íris, em verdade, é incolor
O que o tinge são as cores que almejamos
Que enfeitem o jardim de nossa alma
Sou então, enamorado daltônico
Que as cores do arco-íris já confunde
Com a cor de seus olhos, intrigantes
E que, flores no jardim, não mais possui
Por saber que não existirá perfume
Que se compare com o aroma que exala
Os seus beijos, que por ser droga ilícita
Condenaram-me a um vicio apaixonante