Ao Náufrago
Tiveras um pequeno canto e só, estiveste num encanto;
Na janela, um redondo buraco tu fizeste: vês o mundo?
Então num caleidoscópio, existisse mesmo que utópico,
escolhos que estiveram na história daquele naufrágio.
Inevitável em sucessão a escolhas tão imperfeitas.
Tu és afeito ao que fora visão tão única do oceano...
Ponderas sobre o que se formara, mas o acha ao avesso.
Imaginaste ao fundo abissal, nem viste inocentes marolas:
brincavam aos escolhos a mostrar seus lábios em sorriso.
Pensaste estar em mar aberto e afundaste nesta costa.
Navegando cometeu um erro primário de profundidade,
sonhaste acontecer diferente do que tu suspeitavas?
Estás agora em terra seca e te abrigaste da tempestade.
julgas impossível esquecer do que pensa serem perdas,
Mas observe que está abrigado em novo continente...
Esqueças do naufrágio que aconteceu em teu coração;
travessia em face às dificuldades, tal esforço te trouxe em terra.
Enxuga tuas lágrimas, deixando agora de lamentar.
Não queiras dizer que erraste, que foi triste o navegar,
pois sabes da intensidade com que desejaste amar.
Por estrelas tu guiaste e te serviste de olhares,
mirando apenas para o céu, ao passo que singraste...