Esses Versos
Em todo leito tranquilo
Em todo abraço discreto e amável
Em toda mão estendida
Em toda boca entreaberta
Em todo olhar de delicadeza
Em toda gentileza humana
Em todo sol, em toda lua e em todo eclipse
Em sim disfarçado de não
Em toda esperança despojada
Em toda tez meio sem jeito
Em todo ar de descuido e dolência
Em toda dor e em toda violência
Há um pouco de nós, dos nossos costumes
Reconheça meu bem, reconheça
Há em tudo por tudo uma gota da gente
Misturada no vão das coisas não ditas
Amaldiçoada pelo tempo que não volta
Somos tudo e somos todos
Na cadência de um relógio cuco
No vai e vem de passos firmes
Somos o leito do carinho já morto
Não mais sentimento em meu olhar
Porque tudo morreu naquele instante
Levando a cruz de te amar, morri só
Morri devastado de ciúme
Não me pense melancólico, nem triste
Estou apenas saudoso, sem costume
Com saudade da mão que me afagava
Com saudade do cheiro, do perfume
Minha rosa, minha flor...minha menina
Desabrocha em meus braços, te suplico
Deixa o mundo correr, viver sua sina
Mas se deixa ficar, se deixe ficar aqui
No envoltório dos meus membros fortes
Protegida do nada, abraçada pela sorte
Deixa estar no meu corpo...deixa estar no meu mundo
Suspire em quanto és forte...