ROMANCE

Eu era só na vida.
Era um homem sem muitas certezas.
Sabia que, de dia,
o sol tende a brilhar
e, de noite, sem nuvens,
a lua aparece.

Eu era um pouco triste.
Lia poemas,
ouvia canções,
observava o vôo das borboletas
e das abelhas
e não percebia
que o mundo se movia,
menos eu.

Um dia a encontrei
ou ela me encontrou,
não sei,
e sua voz preencheu um silêncio
que insistia em me fazer calar
diante da vida.

E eu falei.
Revelei os navios naufragados,
os dias perdidos,
as tempestades violentas
em meu sentimento.
Revelei sem medo.

Eu me dispus a me despir
e ela se dispôs a me acolher.
E sem medo me falou
de seus navios,
de seus dias,
de suas tempestades.

E aprendi
sobre a possível felicidade
e a quis
acima de tudo no mundo.
Descobri dias depois
um pouco de dor na estrada,
mas a dor, quando passa,
deixa a alma mais leve.

Leve, eu sigo
voando, dançando, rindo
ao lado de minha amada.


(na foto acima, a minha amada, um tanto gaiata, no quintal de casa)