TARDE
Deitados
na grama verde e macia,
olhamos para os lados do poente
onde a tarde se desfaz
em tons de ouro e sangue.
Não há nuvens. Nenhuma nos espia.
Meus olhos se perdem
nos teus olhos
e minha boca encontra a tua,
num apego de frase inacabada
enquanto as línguas se tocam
buscando o sabor do desejo.
E logo nossas mãos
despetalam nossas roupas
trilhando sobre a pele
veredas de gozo
e de inconsciência.
Incastamente nus,
bucolicamente nos amamos
sob a cúmplice quietude do arvoredo
e dos pássaros sem voz.
Até que nos percamos pelo céu,
com o céu dentro de nós...