RIO DE LÁGRIMAS
Conclui que a vida tem inúmeras
páginas todas elas de cor branca, como
se fosse um conjunto de folhas encasadas
sem nada conter, apenas com suas linhas horizontais.
À medida que a vida avança o que era espaço
vazio passa a receber as primeiras escritas,
algumas vezes do início da descrição até o
seu final, o que realçam é uma felicidade total.
Nas páginas onde é consignada a vida a dois,
destacam-se no começo os beijos, os abraços,
a excitação, tudo como se fosse uma
interminável festa, mas depois...
Em outros momentos a grafia expostas não
são conclusivas, os garranchos indecifráveis
vão até a metade e daí para frente
o mesmo vazio do princípio.
Outras páginas contém duas quando muito três
escritas nada mais além. As letras que as
páginas exibem são trêmulas as quais
revelam que nada vai bem...
Geralmente, quando do término da exposição
e ao desfolhar o caderno, as letras revelam um mundo
de intrigas, desatinos, uma longa solidão,
e se as folhas tivessem o poder de transformar-se
com certeza, ali jorrariam rios de lágrimas.