REBELDIA
Chove em grande quantidade em
meu coração, as águas não tem curso
normal, elas permanecem estagnadas
por longo tempo em poças individualizadas.
Por mais que me esforce os meus pensamentos
e ações deslizam no terreno encharcado da desilusão,
não há como desfazer do imenso lamaçal
que impede a minha libertação.
Sim, chove a cântaros que depois de transformarem
os meus olhos em uma cor avermelhada, as minhas lágrimas
cascateiam de grande altura fazendo machucar
ainda mais a profundidade de minhas feridas.
Entreguei-me demais, acreditei além das contas,
transportei-me para lugares desconhecidos,
enfrentei sob o terror das intempéries julgamentos
infundados, mesmo assim fui sentenciado.
Preciso-me ver livre dessa enxurrada
malcheirosa, desse enxurro de águas
selvagens, dessa perturbação moral,
recresceram os perigos na razão de minha debilidade.
É de se lamentar a minha situação afetiva,
nela se fixou uma imensa rebeldia,
o que tem impedido de prosseguir
o caminho de minha vida.