Na porta do meu quarto
Nunca me trouxe o pôr-do-sol
num fim de tarde.
Ainda assim,
afagava a dor incrédula
da minha esperança.
Cá estou eu, pelada,
de alma cega e abstrata,
na porta do meu quarto
numa circunstância.
Cada vez que você parte daqui,
em discrepância,
eu enfeito o dilacerado da pele insana
com lembranças da sua vinda.
Não tem quem passe ileso
por uma avalanche,
tão quanto troque o semblante
em um instante.
A vida, ela não era uma aventura errante?
Eu estou um tanto descabida.
Será que devo manter-me sóbria?
Me diga em qual porta
você lançou a novidade.
Me conta em qual estrada
você reestruturou a sua vida.
Pois esse quarto me porta desconjunta
como sombra inimiga.