SENTIR SIM; OLHAR, NÃO

Sempre persegui
sonhos
voando por céus
outonais
ou sobre falésias
abissais;

digo,
não sei
se eram voos
ou fugas para
meus rotineiros
enjoos.

Um dia, ela veio
toda bela,
toda singela,
toda sincera;

sentou-se em meu
dorso
e singrou-se por meus
umbrais.

Desde então,
ela não mais fica
sem reclames,
e vive a desafiar
a minha paz;

talvez porque ela
tenha visto,
com aqueles olhos
agudos,

os cascalhos de minhas
sombras,
esparramados nos caminhos
por onde andamos
e nos leitos em que nos
deitamos.

E, talvez por isso,
ela ainda não
tenha percebido
que é humanamente
que a amo.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 11/12/2013
Código do texto: T4607437
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