SENTIR SIM; OLHAR, NÃO
Sempre persegui
sonhos
voando por céus
outonais
ou sobre falésias
abissais;
digo,
não sei
se eram voos
ou fugas para
meus rotineiros
enjoos.
Um dia, ela veio
toda bela,
toda singela,
toda sincera;
sentou-se em meu
dorso
e singrou-se por meus
umbrais.
Desde então,
ela não mais fica
sem reclames,
e vive a desafiar
a minha paz;
talvez porque ela
tenha visto,
com aqueles olhos
agudos,
os cascalhos de minhas
sombras,
esparramados nos caminhos
por onde andamos
e nos leitos em que nos
deitamos.
E, talvez por isso,
ela ainda não
tenha percebido
que é humanamente
que a amo.
Péricles Alves de Oliveira