Aconteceu a Luz
Muitas e muitas horas
Passaram-se diante da pena, do tinteiro,
E da folha vazia, ali, sobre a mesa!
Como uma dádiva
Surge nas mãos uma pétala
Vermelha, orvalhada, aveludada,
Um falsete lírico, convicto,
Instrumento da introspecção,
Do cálice ao venerar o estro!
Feito um relâmpago de primavera
No papel pauta-se o primeiro verso,
Do ato ensejado até o beijo, desejado
Pela alma por inteiro, no chalé
Dentre os mosteiros e a floresta
Bailando para o luar, à nudez ao amor!
Perto dali, uma nascente
Brota das pedras em lamentos,
Dando letras ao cociente do inconsciente
Inspirando-se pelo amar de pele,
De palavras germinadas daquela flor,
Que desabrochou para a luz acontecer!
09/11/2013
Porto Alegre - RS