Teia do silêncio

No caos do momento,

faço-me silêncio

para pensar em ti,

ou mesmo no que fomos.

O tempo abafado

– prenúncio de chuva –

desaba outra

tempestade em mim.

Sentimento revisitado,

poemas relidos,

desejos outros esquecidos.

Tudo, no ínfimo instante,

aflora à superfície

do mar revolto,

sangue retinto nas veias.

As vestes da Bacante,

o vinho derramado,

a baixa cidade aos

pés do elevador...

Tudo metáfora,

assim como o fruto

proibido de outrora,

o sabor do beijo,

a dor do não vivido.

Na teia do silêncio

a Bacante tece versos

que ainda são do Mestre.

O Mestre Dissoluto

– ou Tirano, como queiras –

revira os sentidos

da Bacante,

deixa sem palavras a

rubra Poetisa.

O que fazer, afinal?

Silêncio...

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 07/12/2013
Código do texto: T4602631
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