Teia do silêncio
No caos do momento,
faço-me silêncio
para pensar em ti,
ou mesmo no que fomos.
O tempo abafado
– prenúncio de chuva –
desaba outra
tempestade em mim.
Sentimento revisitado,
poemas relidos,
desejos outros esquecidos.
Tudo, no ínfimo instante,
aflora à superfície
do mar revolto,
sangue retinto nas veias.
As vestes da Bacante,
o vinho derramado,
a baixa cidade aos
pés do elevador...
Tudo metáfora,
assim como o fruto
proibido de outrora,
o sabor do beijo,
a dor do não vivido.
Na teia do silêncio
a Bacante tece versos
que ainda são do Mestre.
O Mestre Dissoluto
– ou Tirano, como queiras –
revira os sentidos
da Bacante,
deixa sem palavras a
rubra Poetisa.
O que fazer, afinal?
Silêncio...