Os meios do amor
Puxa como demorou o carimbo na destra,
a sina motejando com sua faceta marota,
desarmado dos meus sonhos, entrei na festa;
duas décadas pra ser feliz duma hora pra outra...
Cores vivas são mais, cotejadas com antes,
O contraste acentuará a vitória, acredite;
D’um improvável maratonista entre figurantes,
Que chegou para destronar ao pelotão de elite...
Onde estava no verão passado, será a busca,
Dos que basbaques, ora, varrerão o pretérito;
Afinal ante a surpresa d'uma ascensão brusca,
Muitos irão buscar as razões, e o meu mérito...
Quer saber, nem mereço o colo onde adormeço,
Amor não é mérito, mas, tesão, química, anseio;
Afinal o verdadeiro amor é uma joia sem preço,
Que se adquire trocando a metade por meio...
Isso soa sem menor sentido, dirão, como assim?
Parece que essa troca preserva o que já tinha;
Mas diverso de antes ela agora é toda minha,
Porém, já não preservo mais nadinha de mim...