Amor em coma

Meditar no amor apenas, só pensar,

induz o ambiente, a TV está quieta;

quiçá, a inspiração tá ociosa, sei lá,

quem poderá entender aos poetas?

Presto, portais do tempo se abrem,

rumo às retinas plenas de clorofila;

pois, se o amor gorou ainda cabem,

novas moldagens na mesma argila.

Então assoma redivivo antigo sentir,

como a primavera desperta ao urso;

quando poesia sai e pede pra dirigir,

os amores idos mostram o percurso;

Assim brotam alguns doridos versos,

breve incursão na masmorra da dor;

e rebuscando os desajustes diversos,

vemos em coma, porém, vivo o amor;

E essas redescobertas sempre duras,

de que falta manga, também o pano;

poesia, médium assoprando loucuras,

que existe vida depois do desengano...