NUNCA MAIS!
Nunca mais eu quero amar,
as vezes que assim procedi
dei-me mal por passar horas e horas
sozinho, ou melhor, somente comigo.
Nunca mais desejo monologar reclamando
o que ninguém tem para dar, a não ser a
presença física ao meu lado oferecendo-me
apenas uma esfinge, como guarda de túmulo...
Não quero mais ver a madrugada passar,
nem permanecer com meus olhos regalados
procurando as coisas boas de um distante
passado, para poder me animar...
Não faz mal que o tempo não
se escoe e que dele não retire
qualquer benefício, pois sei que comigo
estarão os caprichos das angústias que vivi.
Não me importa se meus olhos tornem
um porta-retratos contendo a figura que
convivi, ou que eles se convertam em lágrimas
solidificadas por um afeto prometido que não recebi.
Nada mais importa, porém desejo sim
dar asas aos meus pensamentos, mesmo que
todos sejam abstratos tentando, pelo menos,
ser feliz em meus devaneios.