Poema 0426 - Noite passada

Deveria sonhar mais vezes como noite passada,

ainda que não venha, espero sem me perturbar,

fale alto de onde estiver, fale de amor, só de amor.

Lembro parte do nosso dia, da nossa noite,

não esqueci nenhum detalhe do seu corpo,

das roupas que jogamos, das palavras de carinho.

Tudo era luz de sol, ainda era sol em nós,

ficamos melhores nus, de corpo, de almas irmãs...

montamos novos sonhos como quebra-cabeça.

Abrimos uma porta após outra e outra,

por detrás marcas de outros sonhos, também dúvidas,

sentimos ainda sermos desconhecidos, somente alguém.

Algum perfume espalhou-se quando falamos de paixão,

poderíamos confiar, poderíamos gritar por socorro,

as vozes se calaram sufocadas por longos beijos.

O tempo parou no meio dos corpos ainda mornos,

algum sorriso apareceu em um canto da boca,

as palavras foram substituídas por pequenos gestos.

Cruzando as mãos sobre outras, entrelaçamos os corpos,

já não sentia minha pele ou apenas sentia a dela,

perdi o centro, descontrolado apenas tocava, excitando-a.

Alguns meses se passaram em minutos ou horas, não sei,

senti no seu gosto uma leve mistura de prazer e paixão,

líquidos quentes se misturaram, desenhando os lençóis.

Os sorrisos ficaram tatuados onde o corpo foi tocado,

o avermelhado dos sexos ainda exala o calor,

os braços voltam por cima da cabeça, ajeitando-a ao peito.

De um lado da cama a paixão parecia esperar sua vez,

do outro, a promessa de um amor que ainda era sonho,

no meio duas pessoas semivestidas de desejos.

Um silêncio invade como se estivéssemos em um templo,

as perguntas vêm à mente, mas não passam além da garganta,

não sabemos o significado deste momento único, esperamos.

O sol baixou, precisávamos sair antes da lua chegar,

o céu se fecha em instantes, as roupas voltam aos corpos,

um beijo já não afoito, partimos, com um sentimento especial!

29/08/2005

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 29/08/2005
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