CONVIVER COM O NADA
Decididamente, agora sou um contumaz
frequentador dos restos das minhas noites,
aprendi a ficar de olhos fixados no teto,
além de dialogar longamente com ninguém...
O espelho de teto reflete para mim mesmo
um homem que convive com o nada, ou quase nada,
e tudo que encerra o momento ajuda a esperar um novo dia
e quando chega não traz nada de novo, nenhuma novidade...
Com minha imaginação já percorri centímetro por centímetro
a extensão do meu quarto, mas mesmo no escuro sei onde fica
a teia da aranha papo mosquito, uma vez ou outra tropeço com
o vazio que sorri da minha solidão...
Não me incomodo mais com o tique-taque
do relógio, que nessas ocasiões carregam uma
carruagem de lentidão, e com preguiça oferece
resistência para não sair desse ritmo.
Tudo agora se define como correto, não tenho
mais devaneio me foi tirado esse direito, pois nele ou
neles, nada dava certo.
Ah! esqueci-me de dizer que a saudade
continua a infligir maus-tratos à minha alma...