Submerso
Passará alguns anos e me encontrava mais experiente, disposto à nova ousa e a uma aventura radical.
Enquanto vestia a roupa de borracha, logo surgiu a mais bela recordação da minha vida, o salto de paraquedas. Porém, para quem havia se atirado a uma altura de nove mil pés em queda livre alcançando uma velocidade aproximadamente 240Km/h, um simples mergulho em alto mar não apresentaria grandes preocupações, há não ser um embate com os temidos tubarões.
Dentro do barco, rumando a noroeste e no balancear das ondas, percebi que as sensações seriam diferentes, tanto quão perturbadoras. Logo vieram as primeiras cinetoses, os desconfortos e as dramáticas vertigens e enjoos. Teria que suportar a pressão, sem que ninguém percebesse tal situação incomoda.
Voltei a me concentrar, relaxar e revisar os equipamentos - máscara, nadadeiras, reguladores e o cilindro – se atentar as últimas instruções dos doutores que apresentavam o planejamento, repassavam a linguagem de sinais, a temperatura debaixo d´água e o tempo estimado do mergulho.
Enfim, a embarcação cessou no ponto exato aonde ocorreria à imersão, arremessaram as boias de segurança e o inflável transportando a tradicional bandeirola vermelha com a listra diagonal branca. Neste momento, aquela confiança havia afundado, sentado na borda de costas para a imensidão do oceano azul confundindo-se, ao horizonte e o céu. Iniciou a contagem regressiva e um a um foi tombando na água fria a chegar minha vez, hesitei por milésimos de segundos, o corpo amoleceu e com o peso do aparelhamento, caí...
Submerso, ainda meio atordoado, arregalei os olhos e a expectativa se confirmou surpreendente, um novo anseio, jamais imaginei viver outro sentimento tão puro... Igualmente ouvi os primeiros resmungos do meu segundo filho, viria ao mundo Pedro Henrique e por debaixo da máscara, o rosto envelhecido de um pai emocionado.
Este texto é uma continuação do meu texto "Salto de paraquedas"
Por Fabiano Sousa e Pai do Pedro Henrique e da Daniela- NOV2013