Os teus olhos rouxinóis
Os teus olhos rouxinóis cantaram insurrectos
os meus, verdes camélias, num jardim de jasmim
ainda por florear.
Os teu olhos, meu amor, num afago sem fim,
num dulcíssimo cantarolar,
cantaram-se em mil ensaístas gorjeios.
Falaram de contentamentos, de prazeres e de delitos.
De afagos ilimitados, debuxados com mil cuidados,
na pele da alma e do corpo.
No palco dos trovadores,
os teus olhos rouxinóis, roussos, robustos,
chilrearam de peitos cheios, na ânsia e no desejo.
E no ensejo supremo de declinar de cansaços
no regaço dos meus seios.
No proscénio de actores
dos meus olhos enamorados, os teus se viram espelhados …
Trinaram longos trejeitos, repenicaram meneios,
no atrevimento do voo inusitado…
Na noite de todos os sois, os teus olhos rouxinóis,
desenharam-se principiantes, navegantes aprendizes
de marujas caravelas.
Destacaram-se por fim, risonhos de tão felizes,
a velejar no teu canto, os meus olhos de findo pranto,
na busca de comuns raízes.