SOB A MONTANHA
Sob a montanha de pedra havia um Rei, sob o Rei
se fez surgir na retina de seus olhos, uma rainha,
uma princesa divina, imortal pelo amor dos versos,
mas, mortal pelo inverso daquilo que não lhe permitia
amar.
Sob a montanha o encontro, o olhar; sob a montanha
o que os olhos não podiam enxergar, nem o espírito
falar; sob a montanha e coberto por entre as nuvens
lágrimas se vertiam ao chão ao olhar o clarão dos
olhos teus resplandecer sob a montanha...
Agora, vertidos e atados, alados seres, somos embalados
pelo arrepio quente, ascendente sob a pelo e o cheiro
do mato verde que desce da montanha nos tornando um.
Durma sob meu peito descanse e cante a nossa canção.
A sinfonia autoral dos acordes de meu coração entrelaçado
se faz agora ritmada pela singeleza do arco e do violino, da
arpa e do violão que nos ata a uma sintonia que nos embala
sob os campos e as longas estações.
Abraça-me, abraça-nos em berço esplendido de amor
para que esse sentimento se eternize nas últimas melodias
que ouço sob a montanha.