Um entregar de mãos
Me dá tua mão
Vamos, não tenha medo
A maré só terá peixes quando a vara lançar
Só se sabe o quanto é fundo quando há de se mergulhar
Garanto, não morreremos, tossiremos
Mas é melhor engasgar
Do que chover e não ficar molhado
Sê-lo por inteiro, dar-se ao tempo errado
Errar várias vezes, todas ao teu lado
Quero mesmo ser tua amiga, teu íntimo,
Teu âmago, quiçá tua namorada
Preencher teus vazios, cumprir teus caprichos,
Ultrapassar teus riscos, ser risco ultrapassado
Vem, não desiste, insiste, sei que vai dar
O que a gente foi já era, o que pode ser será
Serei mais do que prometi, farei mais do que falar
Serei sua o ano inteiro, serei da missa o terço,
Pregarei teu amor por onde passar
Sim, agora que está ficando tarde não pense em recuar
Já bagunçasse tudo aqui dentro
O peito quando te vê pulsa, tudo agora é par
Não tenha medo, encare, não vire o rosto,
Bate-me, dou a cara para bater
Ficarei nua, sou tua, até o tempo morrer
E se quiser matar o tempo posso me vestir,
De rosas, de sonhos, de trovas,
Serei o eu-camaleão para te colorir
Se já não estás convencido pensas que somos um só,
Se tens simpatia por mim, não tenha, tenha amor carnal e só
Quero somente mendigar por mais amar,
Pelo continuar, te prender e nunca soltar
E pra que isso comece preciso do primeiro passo,
Da simbiose, do abraço, da tua mão, dá tua mão
Gabriel Amorim 12-11-2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/