EVIDÊNCIAS
E depois de muitas confidências,
de palavras que agora estão perdidas
por estarem volateando pelo infinito,
o que ficou vivo comigo foi só lembranças.
E elas fazem questão de não me abandonar
vem sempre à tona como um relâmpago, como
chuva de verão, só que ao chegar não
querem ir embora amparadas por uma forte relutância.
Se fosse só um momento de inquietação mas não,
elas se irritam e se enfurecem por tudo o que faço,
como se penalizando um incauto que já vive por viver,
que mal respira esperando o impossível acontecer.
Pungente é a palavra mais apropriada para designar
o que passo, e só eu posso afirmar o que acontece
comigo nesse estado indeterminado, nesse
estado vago, indeciso e vegetativo.
Não me atrevo a gritar mais, já fiz e ninguém
apareceu para socorrer-me, não encontrei
nem uma palavra amiga, convém que retorne
ao meu estado primitivo, presentemente as
dificuldades impedem desvendar minhas origens...