Dó maior

Não sei se no deslizar dos lábios

ou na diferença que explicita,

meus olhos, por ti ávidos,

inauguram o amargo doce que atrita

com tua alta sensibilidade.

Como que, sendo um ser de alta volatilidade

admiro a tua pele morena, tua candura,

tua linha de raciocínio, mental inflamabilidade.

E na iminência de sua presença, nada tortura,

não mais consta dor na minha amarga literatura.

Tornar-se-à a mais linda de todas,

ou, ironizando a minha existência,

há de me tornar platônico, em essência.

Há, também, de encerrar a falciforme incandescência

com secas palavras, ou molhadas reminiscências.