Amor preso

Desculpem se dei tempo nas falas de amor,

Houve um tempo que dei boca,

Na louca tagarelice de meu sonho...

Não foi combinado que ele me traria amargor,

Dizem alguns, que não dei sorte

Que meu norte resultou medonho...

O fato é que quedei na masmorra do desafeto,

No frio e úmido lugar de um só,

Dó, quando o sonho era sol maior...

Aprendi depois da indiscrição me fazer discreto,

Nem bem nem mal falo, passe a banda,

A ciranda da dor conheço de cor...

Toda água assusta, ao proverbial gato escaldado,

Se nova plumagem esconder outra lâmina,

E a fêmina figura machucar de novo?

O bom comportamento mantém amor enjaulado,

É dado um ou dois sonhos entre as grades,

E eventual banho de sol em espaço cercado...

Mas o coração advoga esse rábula, na causa insana

Lembra meu passado sem muitos erros,

Berros por atenuar a sede desse deserto;

Apela à instância superior e por uma revisão reclama,

Lembra que já cumpri um sexto da pena,

E acena com a possibilidade do semiaberto...