NAVEGANTE
NAVEGANTE
Ó ímpio navegador dos mares,
Que viajas ao redor do mundo,
Que conheces todos os lugares,
Fale-me de um querer profundo
Que por acaso tenhas conhecido,
Em um dos quatro cantos da terra,
E com esta, tenhas- te envolvido,
Fazendo-te esquecer da guerra
Dessa guerra que viajando travas,
Conquistando e desprezando corações,
Diminuindo este abismo que ora cavas,
Provocando-te as mais doces ambições
Sábio é aquele que viaja,
Tantas civilizações conhecendo,
Na tristeza se encoraja,
Mas na alegria se escondendo,
E assim vai, de porto em porto,
Cada nova mulher, outra emoção
Mas não vibra, está como morto,
Aparentando estar louco de paixão
Confesse-me, se foste além,
Se conseguiste imaginar,
Sem senão, talvez, porém
Se entendeste o que é amar
E se me afirmares, então,
ter conseguido plenamente,
soltar de chofre essa paixão,
Terás amado intensamente,
E então poderás zarpar,
nessa tua viagem errante,
E em cada lugar que aportar,
Terás nova e furtiva amante...
Ray Scott, maio de 1988