Eu mesmo, outra vez
Colhi as lagrimas debulhadas
Joguei tudo pra dentro do coração
Arei a terra fofa molhada
Pisei e pisei
Até o pó virar campina
Das sementes loucas nasceram
Olivais e vinhedos
Cobri minha alma de branco e medo
Meditei e meditei
Até meu jardim virar floresta
Das vinhas que frutificaram
Vieram doces uvas maduras
Lavei as minhas flores em aguas e leveduras
Senti o capim cana, molhadas pelos regaços
Bebi e bebi
Até que os portais dos sonhos se abriram
De tudo o que restou da tempestade
Nada dos olivais sobrou
Mas o azeite doce me amoleceu
O coração retorcido se condoeu
Então chorei e chorei
Depois de passar o vento em forma de desespero
Voltei a ser eu mesmo
Outra vez...