Confissões:
Confissões:
1 - Outra vez:
Eu faria tudo outra vez
Caminharia as mesmas ruas desertas à tua procura
Eu te amaria com a mesma força e esperança reluzente
Encontraria os teus olhos silenciosos postos aos meus
Eu sorriria como quem olha pro mar pela primeira vez
E se encanta... E deságua... E enlouquece...
Viveria das mesmas folhas, da mesma terra, no mesmo grão.
Eu te amaria como quem nunca sentiu dor
Eu te amaria como quem nunca conheceu a solidão
Por que cada canção, poema, pôr-do-sol, passarinho e luar
Fazem-me lembrar de ti e de tudo que me fizestes viver
O teu amor é a minha ordem...
Eu faria tudo outra vez.
Léa Ferro.
16-08-2008. 21:41 hs.
2 – Ausência:
Quando te ausentas
O meu mundo se acaba
Longe do teu amor, das tuas horas,
A vida se perde em esquinas
Que eu não sei caminhar.
3 – Mar de amor:
O amor é uma escolha involuntária
Ao qual se mergulha tão crente
De que sabemos nadar,
Quando nem ao menos conhecemos os mares.
4 – Sacrifício:
Para que sejamos todos felizes
É necessário que se cumpram os silêncios
Não há honra nas batalhas, se elas não forem justas.
Amar, também é sacrificar-se. Inda que na mutilação.
5 – Iemanjá:
Diante de ti eu sou nua e clara
Como lua acesa em noite escura e fria
Só tu conheces meus os segredos
Só tu sabes tão bem a minha dor e minhas promessas.
6 – A casa:
Há palavras esparsas entre o som e o silêncio
Paredes de madeiras que ecoam os versos tristes
O lamentar das manhãs que ficaram vazias
E o escapar dos suspiros no travesseiro.
7 – Solidão:
Porque não aprendi a te esquecer
Fui lançada ao abismo das desilusões
Cada passo diante o precipício
Pode lançar-me a voos sem volta.
02-06-2008.
8 – Desencontros:
Por que se arrepender do amor
É se arrepender da vida.
Desencontros alimentam cactos
E estes, nos roubam liquidas lembranças.
9 – Cada palavra:
Cada palavra jogada ao vento
Ilusória-mente, ameniza a dor.
Palavras, tem o mesmo fio do punhal
Riscam a voz, que se contorce, que não se aquece.
10 – Amar:
Tão fácil amar e amar perdidamente
Difícil é ser amado – pelo ser amado
E ter o amor retribuído
E ter amor, completamente.
11 – Confissões:
Nas confissões guardo sonhos
Ousadia ter em mente o silêncio
Quando os olhos se revelam
Quando as mãos flutuam pelo mar.
05-06-2008.
12 – Sonhos:
Ainda pouco, acordei, na noite escura
E se fez em meus sonhos, teu semblante
E no desesperar, das vontades, em teu corpo
Morri acesa, inflamada, tristemente.
07-06-2008.
13 – Ela e o Mar:
Do mar tens o nome nas pétalas que azuladas te perfumam
Tens a alma e o verde das matas atlânticas a te rondar em frescor
Tens as gotas que se unem e se constroem em teus olhos líricos
Do mar tens a força, a ternura, a beleza, o delírio e as minhas confissões.
14 – O Mar e Ela:
Do mar tens os versos desenhados nas areias mornas que te guardam
O teu nome pousa delicado em meus lábios quando as ondas beijam a praia
Beijas minha alma inquieta e trazes a paz esquecida nos montes
Quando sou ilha, tu me és o mar, que me ama, que eu amo, e eu te amo.
15 – Mora na saudade:
Mora na saudade uma lembrança maior que eu
Na saudade o teu nome se faz na minha voz
Não canto melodias de dor, nem de amor, nem de sonhos...
Canto na saudade o conforto das tuas mãos sob meus passos.
16 – A lua e flor:
A lua e a flor, quando se encontram, em noite escura
Se desencontram pelas distancias, se reencontram na poesia
A lua chora e chora tanto lá de cima, rodeada em negro céu
E flor, ouve o lamento, em grande tormento, fica vazia.
17 – a flor e a lua:
Não és verde mata, nem azul céu, nem violeta ou rosa,
És branca lua, toda inteira, provocante, nua e confidente
Tal como a flor, que te namora, e te espera, e te deseja
És branca moça, de mãos macias, és caule forte de alma intensa.
08-06-2008.
18 – Soneto de tua presença:
Repara nos versos que eu te fiz
Na saudade que derrama das palavras
No silêncio das manhãs que se exaltam
No meu dom de manter as esperanças.
Repara na canção que brota dos meus olhos
Quando eu te vejo vindo e me sorrindo
Quando caminhas e me trazes tranquilidade
Quando amanheces e meu mundo faz-se em sol.
Repara em minhas mãos que te procuram
E te desenham nas histórias verdejantes
E te abraçam como o caule abraça a flor.
Repara que quando longe de ti,
Não há delicadezas que sustentem o meu azul
E a vida perde os tons, se perde o som, da poesia.
Léa Ferro. 12-06-2008. 09:39 hs.