Mutatis Mutandis
Nenhum absoluto cabe na escala humana. Nem os sonhos são capazes de nos remeter ao real perfeito na outra extremidade do pensamento. Inventamos tudo o que não conseguimos ver e nos falta. Sentimos, por caminhos improváveis, absurdas presenças ou, comparando a imaginação com o decantado da nossa vivência, construímos um castelo no futuro. Dizemo-lo habitável para vender a nossa verdade mas sabemos bem que, naquele ermo do tempo, só cabe quem o narra. É só por isso que regresso, sempre pelos atalhos mais vulgares, ao meu lugar no teu coração. Sei que me guardas na versão comum e, nessa, em vez de asas, só tenho sangue, pele e esta sede de ti.