Por quem tu me tomas?
Por quem tu me tomas?
Mulher dos olhos castanhos!
Talvez saiba de tua alma externa
Pousada na superfície de tua forma
Devagar posso enxergar à luz de lanterna
Mas se faz dia e tão bela te torna.
Apenas interrogo por quem tu me tomas?
Fiz-me de tanta coisa:
Fiz-me de palhaço, armei meu espetáculo
Pintei o meu rosto, adotei um codinome
Pus o nariz e pintei minha cara
Para sorrir, puseste obstáculo
Fiz-me cantor de opereta, subi no tablado
Embora saiba não canto, onde já se viu!
Se assim ousei foi somente para te alegrar
Você na última fila levantou e apenas saiu
Fiz-me de poeta, papel e caneta em punho
Representei-te, em detalhes tuas rimas
Exprimi em singelos versos tua ternura
Olhaste curto como fosse um rascunho
Fiz-me pintor, modelei tuas esquinas
Dei aos teus olhos a cor castanha
Na boca pintei teus lábios carmim
Reparaste tudo de forma estranha
Se nada que fiz te valeu
Se comigo não te importas
Insisto e novamente te questiono
Então, por quem tu me tomas?
Por quem me tomas?
Se mal sou poeta
Nem escritor, compositor, palhaço
Nada do que eu pinto ou do que faço
Estabelece toda a minha meta
Se numa escultura bem discreta
Moldada na argila ou no aço
Apenas no papel deixo o meu traço
Que só fixa teu rosto em linha reta
Por quem me tomas
De fato, mesmo assim
O que fazes ou pensas sobre mim
Se tudo o que te fiz nada restou
Se me tomas, talvez na aparência
Te peço um pouco mais de paciência
Então tu notarás que nada sou.
Réplica do mestre Fernando cunha lima em 16-02-18.
Obrigado ilustre poeta por sua participação!