MAR AFOGADO
Possessivo o mar toma a praia
Destrói casas, barracas e barricadas,
Invade a areia, de forma latifundiária,
Abraça todo o corpo de sua amada
Torna doce toda a sua água
Apanha da lua uma sandália de prata
O sol tece de ouro uma saia rodada
Seus dotes são perolas das entranhas arrancadas
Rotineiramente chega e se afasta
Conta historias de serias e piratas
Com o seu canto a encanta
Se inquieta durante as ressacas
Vazante aos seus pés se derrama
Na maré alta deseja raptá-la
Lambe, se esfrega, afaga
No seu dorso branco se afoga.