Amor antigo

Quisera um amor antigo movido a carvão,

Que não me comparasse com Tiago Lacerda,

Ao qual bastasse a ternura de minha rude mão,

Para desprender suspiros e acordar o tesão,

E quimeras de plástico que fossem à merda...

Que aceitasse flores como legítima declaração,

Celulares, smarts, tablets, sumiriam da praça;

Quem nem associasse praia com o verão,

Mas que sorvesse simplicidade em cada ocasião,

Recebesse um cartão em sinais de fumaça...

Que não visse elogio, mas, pecha, no “pegador”,

Egresso de um tempo onde havia fidelidade;

Que captasse beleza além da forma ou da cor,

“siliconando” o cérebro com o mais rico teor,

Ternura compreensão amor, e sensibilidade...

o que ouço são meras cantadas despóticas,

Que não merecem lugar em meu relicário;

Com a “sutileza” soturna das vestes góticas,

Desfeitas às minhas quimeras exóticas,

Que acredito não há mais, nem no antiquário...

Resta a fantasia de uma alma sem rumo,

Cujo domínio dos sonhos nem sempre apraz;

Solidão entorta o nível e também o prumo,

Cada dia Cronos até faz arder o seu fumo,

Mas, a máquina do tempo não volta atrás...

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 28/10/2013
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