Amor antigo
Quisera um amor antigo movido a carvão,
Que não me comparasse com Tiago Lacerda,
Ao qual bastasse a ternura de minha rude mão,
Para desprender suspiros e acordar o tesão,
E quimeras de plástico que fossem à merda...
Que aceitasse flores como legítima declaração,
Celulares, smarts, tablets, sumiriam da praça;
Quem nem associasse praia com o verão,
Mas que sorvesse simplicidade em cada ocasião,
Recebesse um cartão em sinais de fumaça...
Que não visse elogio, mas, pecha, no “pegador”,
Egresso de um tempo onde havia fidelidade;
Que captasse beleza além da forma ou da cor,
“siliconando” o cérebro com o mais rico teor,
Ternura compreensão amor, e sensibilidade...
o que ouço são meras cantadas despóticas,
Que não merecem lugar em meu relicário;
Com a “sutileza” soturna das vestes góticas,
Desfeitas às minhas quimeras exóticas,
Que acredito não há mais, nem no antiquário...
Resta a fantasia de uma alma sem rumo,
Cujo domínio dos sonhos nem sempre apraz;
Solidão entorta o nível e também o prumo,
Cada dia Cronos até faz arder o seu fumo,
Mas, a máquina do tempo não volta atrás...