Medo de nós
Sim, sou eu mesmo que vou ao Inferno
Sou eu quem vou embora, sou eu quem chora e implora
Pode caçoar, chutar, triturar
Voltarei inteiro para assombrar
Permearei teus sonhos mais agonizantes
Serei eu o mais covarde dos amantes
Ganharei altura suficiente para te assustar
Pode espernear, não vou ligar
Pode xingar, não vou ouvir
Pode fechar o coração vou abrir
Não usarei de hipérboles, não trovejarei inverdades
Serei o mais verdadeiro que sou, sou a verdade
Cru e nu serei tempestade
Duro e frio serei o que você não quer...
Ouvir, sentir, o incerto, o que não quer vir, a surpresa
Serei teu eu verdadeiro, o teste primeiro que vamos enfrentar
Não posso amar, não podes me amar, se a vida não sabemos enfrentar
Protegerei até o fim teu ego, teu belo, teu esplendor cego
Quero te blindar, do obscuro, do muro, dos percalços
Serei tua pedra no sapato se calçar,
Serei o espinho no cravo a exalar
A dificuldade não precisarás procurar,
Sou eu a te amar com a distância
Somos nós caminhando lado a lado
Separados pela ganância
E quando sentir que estás pronta
Vou soltar, perguntar, afrontar
Depois jurarei amor,
E farei tudo de novo com o mesmo pudor
Para ter a certeza que a você
Ninguém no mundo machucará
Sabe, acho que posso sufocar,
Ainda bem, não precisarás gritar
Prometo que vou te cegar,
Com meus olhos a comer, para o mal não precisares ver
Juro te apertar de não mais sentir...
No poço, no mundo, no fosso, em mim a você
Gabriel Amorim 17/10/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/