Súditos do tempo

Somos nós, os súditos do tempo,

a espera de pão, água e amor,

esperando que a dor não nos alcance.

E como súditos que somos, sonhamos,

na brevidade dos nossos anseios,

eternidade nos recreios da vida...

...e os passos do caminho

foram generosos,

na permissão de um reencontro,

desencontro na noite escura.

Devagar, um olhar a vagar

procura a cura, o encanto dos contos,

pelos cantos, pelos pontos.

Segue, prossegue as buscas

quando surpreso se rende,

se estarrece, se prende

ao brônzeo tesouro avistado.

Estremece a certeza,

vai correnteza e rio abaixo

rumo à Babel dos desejos,

aos beijos imaginados com ardor.

E qual furor irrompe o peito,

compele,faz o ar rarefeito,

que aos berros contra a inércia

arremessa me à controvérsia

do não querer te por inteiro.

Tenho os pés sobre o braseiro

de calores, mormaços bem-vidos,

infindos espaços na alma

e a calma do espalmar de mãos.

Por esses chãos onde pisamos,

deixamos pegadas, suores, sonhos.

Quão melhores fizeram-se os dias,

remontando alegrias ao lembrar-te.

Tão melhores fizeram-se as noites

de insônia cálida ao sussurrar-te.

Levo comigo, tua sonância de voz,

no suplício atroz da ausência,

da abstinência dos teus olhos.

Estou a vontade em teu sorriso

e disso, preciso mais que tudo,

pois não há dor no mundo que suplante

a causticante idéia da distância.

Sei que estou flutuante,

adiante e além de mim

Cruzando o vasto espaço

almejando o quanto antes, seu abraço,

por toda a caminhada, por toda a vida,

mas...

Somos nós, os súditos do tempo,

a espera de pão, água e amor,

esperando que a dor não nos alcance.

E como súditos que somos, sonhamos,

na brevidade dos nossos anseios,

eternidade nos recreios da vida...

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 18/04/2007
Código do texto: T453980
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