nem de taboca pra isso
Janga era engraçado, tipo baixo, cara chata, riso torto, menino,
Mas homem, engraçado... Janga, já tinha barba, já tinha família,
De ter mulher e filho... e andava com a gente. Ele tinha outros irmãos, mas não era como eles : sérios. A mãe de todos já dizia: homem tem que ter conversa de homem, conversa séria, senão ninguém leva a sério . Janga, já lembro, de pipa, de rio, de bola, brincava , dava estranheza, um sujeito daquela idade no meio da gente. Ido de casa em casa, chamado a meninada da rua. Falando do passeio, do mergulho do rio cheio, na conversa que escuto. O que aconteceu com esse rapaz, que não amadurece? A gente nem sabia o que era amadurecer. Janga não ligava, ria, não sabia nada de coisas sérias. É meio de aluado, falava seu cosme quando tocava no assunto. Outra hora, que triste, um desenterrado. Essa eu nunca entendi.
Os que se diferenciara era tomado por um ar de autoridade, de quem soubesse, de quem já não duvidasse. Dava medo até de chegar perto, essa gente que sabia de tudo e que se guardava, numa casca como se ficar homem fosse a mesma coisa que fugir da vida. e o mundo ficasse cada vez mais distante, sozinhos nas suas conversas de gente grande. Janga não, janga ria, janga conversava com meninos que ainda eram meninos. E trabalhava na roça, de sol a sol, ninguém derrubava um roça de feijão mais rápido, ninguém fazia o que tinha que fazer de forma mais excelente. Se perdia mais em besteira do que nas coisas ditas importantes, e quando ia pra cidade não colocava calça de sinto e nem fazia jeito de triste . Porque pretamos atenção e vimos que essa gente que é grande tem cara de triste. E Janga tem cara alegre, e as pessoas parecem não gostar. Janga nem ai, nem de taboca pra isso...