Saudade
Ainda ontem brinquei com a saudade.
Ela disse pra mim assustada
E meio sem graça: você não tem jeito.
Aí, meu sorriso amarelou
E o corpo empacou...
Os olhos cegaram-se
Uma visão aérea
Apareceu de pronto.
Tremi... Solucei e
Quase soa um grito...
Por tudo ou por nada
Pelo vazio escorrido
Não dei conta do espaço...
Chorando, arrastei-me vadio
Incrédulo, assustado
Nem associei o meu
Do seu, dos nossos “eus”.
Cantei nos sonhos encobertos
O passado aberto ao mundo.
E como nada se fez, a dor amiga
Juntou-se ao sono calada.
Adormeceu timidamente
Como quem nada queria
Acomodou-se e, aí, nem reclamei...
A dor era menor que o pranto derramado.
E a saudade como cria da casa
Recolheu-se ao meu coração.