O desfecho do enlace

Poupe-me de suas lamúrias,

das injúrias, dos detalhes sórdidos

Essa discussão blasé não fará crescer a mim,

muito menos a você

Paremos de falar migalhas,

Cometemos falhas irretocáveis, imensuráveis,

Calejadas pela inexorabilidade de um tempo feliz

Chegamos a trocar confidências, carências, experiências,

Hoje somos fruto de uma rotina digressora

Falo muito, compreende pouco

Se peço não me atende, ainda nos conhecemos?

Onde estão os olhos que a pouco me tragavam,

onde está o cigarro que compartilhávamos?

Tragados...

De tudo que foi eternizado quero a efemeridade

do que sobrou, de tudo que foi imortalizado

Que se apague nossa chama de amor, já fui queimado, dilacerado, gangrenado

Queimados...

Se a língua áspera da sociedade amacia teu ego simplório,

Não ligo, rezo, choro, imploro

Se prefere dar ouvidos a quem não te ouve é bom que case com eles

Simplórios...

Se bebemos tanto um do outro chegamos a ser fontes de um mesmo prazer,

Hoje de pileques homéricos estamos ressacados,

Desse mar de mentira cuja onda quebrou e foi você

Ressacados...

Vou-me embora rechaçado, atordoado, digo ainda apaixonado,

Batendo o portão sem fazer alarde

Com discos que nunca ouvi

Chora eu, chora você, choram bêbados por aí

Foi demais, fui sufocado, explorado,

Exaurido de onde não encontrei a mim

Pelas ilusões tragado

Pelas verdades queimado

Pelo desprezo simplório

Vou vivendo ressacado...

Gabriel Amorim 30/09/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/

Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 22/10/2013
Código do texto: T4536904
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